sábado, 19 de junho de 2010

My first day

Mãos suando e friozinho na barriga, assim comecei a quinta-feira, 17 de junho. Há quem diga que no mês anterior ao aniversário você passa pelo seu inferno astral. Verdade ou não, esse ano os astros jogaram uma praguinha na minha vida bem nessa data. Coincidentemente eu ia encarar meu primeiro dia de trabalho em meio a tormentas internas.
Eram 7:00 am e meus olhos já teimavam em abrir. Quem disse que consegui dormir? O jeito foi levantar e caminhar lentamente até o LUAS. O melhor de Dublin é que por mais longe que seja, em 30 minutos você chega. Esse meu novo trabalho é na última estação da linha verde do LUAS. Eu saio da primeira estação e chego na porta do prédio em no máximo 40 minutos.
Logo na porta já identifiquei outros quatro brazucas. Não adianta, a gente se acha no meio da multidão. Éramos, ao todo, 22 pessoas e fomos levados para o terceiro andar onde fomos colocados num semi-círculo, igual que nem no colégio, sabe? Cada um com sentado na frente da sua carteira com um caderno e caneta. Aí eu já percebi que o dia seria longo.
E foi. Ou melhor, foram. Eu que esperava carregar umas bandejas logo no primeiro dia não fiz nada durante os três dias de treinamento além de ouvir sobre as normas da empresa e ser usado como burro de carga: sobe, desce, pega isso, pega aquilo, lava copo, poli prato.
Tudo bem, eu estava ali para trabalhar e, realmente estava pronta para tudo. Mas, à medida que o tempo passava, as tarefas ficavam mais chatas e meu medo de encarar a função de waitress só aumentava. Eu tinha certeza que durante esses dias íamos olhar o cardápio, aprender sobre os vinhos que serão servidos e conhecer cada pedaço do restaurante.
Balela. Nem os managers sabiam o que fazer. Tudo ainda estava uma bagunça. E, acredito eu, ainda está. As portas serão abertas as 7:00 am de segunda-feira. Serão? Será? Tenho minhas dúvidas. Moral da história: ficamos das 10h äs 17h na quinta, sexta e sábado completamente perdidos no meio de tralhas e não seremos pagos por essas horas.
Claro que eles só deixaram para dar essa notícia às 16h59 do sábado e, obviamente, nós, os staffs ficamos indignados. Eu estou pissed off porque, além disso, não fui escalada para segunda nem terça e eles não tem a rota da semana pronta.
Bom, nada que eu possa fazer. Só esperar que eles me liguem nos próximos dias. E rezar para que eu entre na escala ainda essa semana antes que eu fique sem dinheiro para comer, rs. Ok, exagerei. Dá um desconto, ainda to “de mal” porque trabalhei e não vou receber. Bola pra frente!
 
E vamos torcer pro Brasil amanhã!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Saco....lá

Se existe alguma coisa mais chata do que fazer provas é procurar emprego. Ooo coisa insuportável!
Já é difícil quando você domina o idioma e tem um milhão e trezentos cursos que te qualificam para aquela vaga. Imagina quando a conversa é numa língua que você está aprendendo e você NUNCA fez aquele job, por mais que seu currículo diga que você tem 2 anos de experiências comprovadas. É um saco! Diz aí!
Pois é, passei a última semana literalmente caçando emprego pelas ruas de Dublin. Aquela vida de aupair já deu o que tinha que dar. Crianças pra lá e pra cá, gritando, chorando já não me pertencem mais!
Bom, com o meu CV debaixo dos braços sai andando pela vizinhança me apresentando em todos os restaurantes, pubs, cafés, lojas. Com ou sem plaquinha na porta eu entrava e perguntava “Do you need staff here?”.
Com ou sem experiência a vantagem aqui é a cara de pau. Isso mesmo, você tem que falar direto com o gerente, e fazer seu marketing como se você tivesse sido garçonete (ou qual seja o cargo que você está querendo) por anos no Brasil.
Antiético? Talvez! Mas essa é a lei da sobrevivência pros estrangeiros por aqui. Por mais diplomado que você seja, aqui você vai trabalhar de ajudante de cozinha, doméstica, garçonete, ou algo desse tipo. Se você tem experiência com isso, ótimo. Senão, coloca uma mentirinha no currículo e dê conta do serviço.
Eu nunca trabalhei com nada disso. Me formei em Jornalismo no final de 2008 e sempre fiz estágios na área. Minha saída foi usar dessas “mentirinhas” para ganhar uma vantagem no primeiro contato. O resto dependia de mim, eu sempre soube. Se não souber enrolar no inglês não ia conseguir o emprego por mais que eu tivesse 10 anos de experiência.
Foi um saco! Mas, pra uma coisa o aupair serviu: meu inglês quebra o galho na hora de conversar. Entrevista vai, entrevista vem. Até uma dinâmica fiz, para ser vendedora de loja de sapato! Quando já estava desanimando consegui convencer o dono de um restaurante que está para abrir que eu seria a melhor opção de garçonete para ele.
Estou contratada! Começo semana que vem no Pinot’s. Agora deixa eu dar uma passadinha em Londres para “demetriar” como diria minha amiga-irmã Júlia Lopes. Volto logo!

domingo, 6 de junho de 2010

Férias!

Eu fui dar uma passadinha no Brasil e voltei. Foram quase 20 dias muito bem aproveitados. Matei muita saudade, abracei e beijei quem eu pude, peguei um solzinho em Ubatuba, umas baladinhas em São Paulo e ainda assisti meu documentário na Cinemateca Brasileira.
Posso afirmar que foram dias proveitosos! Entretanto, ainda me pergunto se, ter ido foi uma decisão certa. Foi uma “parada para respirar”, a intenção era voltar mais forte e determinada para mais um ano de Irlanda.
Além dos fatos concretos como, tempo perdido procurando emprego aqui e gastos por lá ainda tenho de, agora, desvendar minhas impressões e confusões. Num primeiro momento os sentimentos foram contraditórios: ao mesmo tempo em que tinha a sensação de ter saído de casa ontem, também senti como se eu não pertencesse mais aquele lugar.
Meu objetivo desde o começo era só uma viagem. Voltar para a Irlanda era determinação. Ainda tenho coisas a fazer e lugares a conhecer por aqui. Mas confesso, deu aquela pontinha de vontade de ficar por lá.
Eu sou jornalista formada e, até agora, só trabalhei como babá/doméstica. Tudo bem que é um subemprego na Europa. Mas, ainda assim, bateu aquela vontade de estudar mais aquilo que eu gosto, escrever para um jornal ou até, quem sabe, fazer outro documentário.
Não é o momento. O caminho agora é experiência de vida. Mudar o emprego, conhecer outro lado da Irlanda, morar no centro de Dublin e viajar sempre que possível. Estou me dando de presente mais alguns meses para alcançar tudo isso.

Está chegando a hora de voltar para a casa...