Mudança (s)
Um certo dia acordei e me perguntei o que eu queria da minha vida. Pasmem, eu não soube responder. Ou melhor, tinha muitos caminhos, muitos “se's”, muitas ideias e nadica de nada planejado. Para mim, que sempre fui a certinha que coloca tudo no papel, isso era inadmissível.
Pois bem, era! Acho que o ar do primeiro mundo está fazendo efeito e eu estou evoluindo. Estou me permitindo mudar de roupa, de discurso, de preferências, de decisões. Se até Plutão deixou de ser planeta a minha vidinha também pode “deixar de ser” ou “vir a ser” quando eu bem entender.
O que eu achei que seria o meu futuro hoje são páginas rabiscadas e eu não estou triste por isso, pelo contrário, os meios foram difíceis mas o fim se justifica. Ou melhor, o “recomeço” porque isso de nada tem haver com fim.
Estou exausta de tentar desvendar os motivos e sofrer por antecedência a cada acontecimento. Cansei de ser canceriana. Posso mudar para uma mistura de Áries com Leão? Mas só em alguns momentos porque quando o assunto é carinho quero a meiguice do câncer de novo.
Acho que o primeiro passo eu dei. Mudei meu segundo nome para “comunicação,”o que já me rendeu ótimos momentos. Já abri meu coração e já dei meu ombro. Estou ciente de que cada pessoa que passa pela minha vida deixa um bocadinho de lição. As vezes ruins (não repita!) e outras muito boas (posso copiar?).
Definitivamente a Ná que vai voltar para o Brasil (algum dia) não é a mesma que saiu. Eu já sei, por exemplo, que ninguém tem uma bola de cristal 24h por dia para saber o que eu estou pensando ou sentindo e que se eu não dizer/reclamar/contar ninguém vai adivinhar.
Eu perdi o medo de arriscar mesmo que a queda venha a ser grande. “Let it be”, já diziam os Beatles. Voltar para o Brasil em janeiro já ficou para história, viajar em dezembro no inverno europeu é ideia abandonada, continuar cuidando do pentelho tem prazo de validade, mudar-me para o centro é agora a prioridade.
“Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher...... mas sou minha, só minha e não de quem quiser”. Estava finalizando o texto quando ouvi a Cássia Eller cantando esse trecho, e como a insônia tá braba hoje vale a pena mais um(s) paragrafo(s).
Ela ainda continuou cantando “Não penso em me vingar. Não sou assim...”. Acho que é exatamente essa a mudança que eu sinto em mim mesma. Ao mesmo tempo em que aprendi a valorizar minha liberdade, não esqueci minha raiz. Ainda acredito que as pessoas são melhores do que elas realmente são e ainda espero respostas, mas isso não consta mais na minha lista de pendências. Tem todo um mundo colorido na minha frente. Meus olhos estão abertos e a sensação é fenomenal.