sexta-feira, 23 de março de 2012

O dia em que meu Iphone foi dar um mergulho

Era sexta-feira. Dia longo. Eu tinha trabalhado horrores, escrito uns textos sobre umas coisas doidas de manutenção, petróleo e RH, ido a uma academia e (finalmente!) fechado um plano trimestral (enquete: até quando eu duro?), e combinado com as colegas de ir ao Mutley lá pelas 23h30.

Ás 21h eu tava em casa, com preguiça do mundo, liguei a TV e falei pra mim mesma: “só um cochilinho até umas 22h30”. Hááá levantei no pulo com a ligação da colega Déia: “Nat, ta pronta? Então levanta e se arruma. To indo praí te esperar”.

PQP nem a roupa eu tinha separado. Ainda tinha cabelo pra lavar, franja pra secar e maquiagem pra fazer. Corre daqui, corre dali enfiei uma calça jeans e uma blusa preta, dei um tapa na cara e pronto, eu tava “saível”.

Não sei se já contei isso aqui, mas eu odeio bolsa! Sério, odeio ir a balada com uma bolsa a tira colo. Só atrapalha, incomoda e não me deixa livre pra dançar e, já que eu estava de calça jeans, botei a habilitação, uma nota de R$50 e um cartão do banco num bolso de trás e no outro bolso o meu tão querido celular.

Tava tudo correndo maravilhosamente bem. Música boa, galerinha mais ou menos, muito rock´n roll e vodka. Bendita vodka do Mutley! Parece que é feita com mais álcool do que o normal. Duas dosesinhas eu já tava daquele jeito.

Então imagine: banheiro de balada, calor do cão, calça jeans grudando e eu, daquele jeito, apertada querendo fazer número 01. Enquanto abaixava a calça lembro que tomei o maior cuidado para não deixar minha habilitação com o dinheiro caírem na água e esqueci do bendito celular.

Não deu tempo nem de pensar quando me dei conta o tão querido aparelho já estava lá nadando. Num impulso eu o tirei da água. Ai que veio o problema. Na agitação do momento eu apertei o botão “on/off” dezenas de vezes, eu só queria que o bicinho ligasse. Claro que não, ele tinha se afogado ora bolas.

Na verdade foi toda uma estratégia do Iphone para se livrar de mim. Eu que já o deixei cair 03 vezes, que me irritava quando a bateria não agüentava, que o joguei na cama quando aquela mensagem não chegou, que me irritei quando ficou sem área dentro da Revap ou quando eu apertei todas as teclinhas porque eu não sabia qual era a certa.

Foi de propósito. Só pode! Ele tava tão bem guardado no bolso de trás da calça apertada da bêbada. Até parece que foi acidente. Ele viu naquela água a chance de pular dessa pra melhor. Coitado, mal sabia ele que eu não estava pronta para deixá-lo ir.

Pedi socorro ao Google: “O que fazer quando o Iphone cai na privada?”, simpatias a parte a resposta vencedora foi “coloque-o dentro de um saco de arroz e deixe-o lá por no mínimo 24h”. Eu que já não tinha mais nada a perder deixei o dito cujo nadando com os grãozinhos de arroz por 30 horas.

Cheguei em casa depois da academia (sim, eu fui!) na segunda-feira e fui logo fazer o teste. Liga meu filho, liga. Quanto mais eu apertava o botão menos sinal de vida ele dava. Lagrimas começaram a escorrer e meu ultimo suspiro seria levá-lo, no próximo dia, ao médico, vulgo assistência técnica.

Terça-feira, 17h30 entrei na loja do moço da assistência. O mesmo que tinha desbloqueado meu filho quando ele chegou de Dublin comigo. “Caiu na água? Puts, que dó. Mas dá pra dar um banho químico nele, se funcionar você me paga o serviço senão pode jogar fora”.

Passei o resto do dia me preparando psicologicamente pra caso eu tivesse que me desfazer do aparelho. Quarta-feira, 17h30 novamente eu lá na loja do moço. “Ah, o Iphone? Ta aí ó, já testei e tudo, ta funcionando direitinho só ficou uma marquinha de água na tela que se você quiser trocar é 200”.

Não me contive de tanta felicidade, fiquei com um sorriso amarelo no rosto e nem fui pra academia nesse dia, afinal eu precisava fazer companhia pro meu filho que tinha acabado de passar por um tratamento de banho químico (seja lá o que for isso) e ressuscitar no 5º dia.


óia eu aqui

sexta-feira, 9 de março de 2012

Coisas do acaso

Cheguei a uma conclusão básica. Facebook, Twitter, Orkut e afins são burros. Sim, senhor. E explico o porque: O Facebook por exemplo, tem uma “dica” na lateral direita da tela que diz “pessoas que talvez você conheça”. Ok, a idéia parece ser inteligente, de repente você realmente conhece o amigo do seu amigo, mas a máxima nem sempre é válida. No meu caso, por exemplo, fazem uns bons meses que vem aparecendo a foto da atual noiva do meu ex namorado como possível amiga a ser adicionada. Já tentei várias vezes excluir essa “ajuda”, mas a bendita volta a aparecer dia após dia.

Eu acho que deveria ter uma opção: “obrigada pela dica, mas não conheço e não quero conhecer essa pessoa” e a fotinho indesejada desapareceria dali pra sempre.

Mas o grande motivo de eu ter parado para escrever esse texto não foi um desabafo contra essas sugestões doidas das redes sociais e sim uma recordação de alguém muito querido.

Estava eu hoje fuçando nas funcionalidades do Linkedin quando ele me deu a opção de adicionar à minha lista contatos quem um dia na vida eu já havia trocado e-mail. Dei um “ok” e mandei buscar esses nomes. Os emails já ligados ao linkedin eu mandei adicionar, afinal, quanto mais pessoas melhor. Aí apareceu uma tela com a mensagem Mantenha contato com pessoas que ainda não estão no LinkedIn. Convide-os para fazer parte da sua rede.

Em meio a lista de nomes pouco conhecidos apareceu o e-mail olavonetto@hotmail.com. Meu olho parou ali. Muitas lembranças passaram pela minha cabeça. Fui eu quem criou esse e-mail pro meu primo caipira de Ribeirão do Pinhal pra que a gente pudesse se falar por outro meio além das cartas. (Sim, nós trocávamos cartas pelo correio quando tínhamos nossos 15 anos. Tempo bom!).

Parafraseando o saudoso Renato Russo eu digo que você foi embora cedo demais e que, em dias assim, eu me lembro de você e o que sinto não sei dizer.

Já tentei inúmeras vezes te fazer uma homenagem aqui, contar algum dos nossos causos, como aquele na Romaria de algum ano quando um búfalo correu atrás de você, ou naquela bodas dos seus avós que vimos uma cabecinha na janela da funerária e corremos feitos loucos ou quando viajamos de Taubaté à Pinhal na caçamba da camionete do tio Buba. São tantas histórias pra contar, mas acho que meu coração não está pronto pra lembrar de você no passado e não sei se tem previsão de estar.

Foi realmente uma coisa do acaso seu nome aparecer ali quando eu menos esperava, quando minha cabeça tava tão cheia de coisas banais. Daria qualquer coisa para ver suas bochechas rosadas mais uma vez, ouvir tua voz meio rouca, ganhar aquele abraço apertado e sentar pra conversar. Só mais uma vez.

“É tão estranho. Os bons morrem jovem. Assim parece ser quando me lembro de você que acabou indo embora cedo demais”.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Carrinho de bate-bate

Quem nunca brincou nos carrinhos de bate-bate dos parques de diversões pelo Brasil? Garanto que todo mundo adorava ser motorista por um dia e bater no amigo, primo, pai que estava no outro carrinho. O legal ali era dirigir errado, fazer tudo o que não pode fazer nas estradas e ruas de verdade. Era colisão traseira, frontal, lateral, engavetamentos e tudo o que tinha direito.

Aliás esse nome “colisão traseira” eu aprendi ontem. Na minha época de parques de diversões eu só dizia “bater na bunda do carro”, “bater atrás” esse termo colisão era algo inexistente para mim. Ontem descobri que ele existe.

Sai da Revap em São José dos Campos, rumo à Taubaté pela via Dutra, como faço todos os dias de segunda à sexta. Era por volta das 16h45 eu estava deixando as dependências da refinaria depois de mais um dia de trabalho, rumo ao descanso do lar.

Me lembro de entrar na Dutra ouvindo música, pensar no que eu ia fazer quando chegar em Taubaté, tinha até decido passar por algumas academias para finalmente começar um projeto verão 2013. Foi aí que o trânsito ficou lento, eu fui diminuindo a velocidade e de repente “BUM”. Ouvi um barulho de carro sendo freado, senti um impacto na traseira e gritei.

O susto foi tão grande que eu não conseguia pensar no que fazer a seguir. Só consegui ligar – chorando – para minha mãe. Não pensei em chamar policia, resgate, nada. Saí do carro e vi um celta com a frente amassada e um ser humano com a mão na cabeça olhando pro carro. Daí pra frente não sei mais o que pensei.

Todas as vezes que falei pelo telefone com a minha mãe eu chorei. Quando o policial veio pedir meus documentos eu chorei, quando minha mãe chegou com o meu irmão pra me resgatar eu também chorei. Um coisa ficou clara: sou uma negação em situações de crise.

Mas se eu sou ruim o Ser que bateu em mim é muito pior. Pra começar o errado era ele. Foi ele que acelerou demais, não prestou atenção no trânsito e não conseguiu diminuir quando os outros carros diminuíram a velocidade e nem um “moça, você tá bem?” eu ouvi.

Ele não falou comigo em momento nenhum. E eu, assustada como tava e lerda como sou, também não falei com ele. Esperei que meu irmão chegasse para pedir os dados do seguro do fulano, que também não quis passar, disse que era pra pegarmos no boletim de ocorrência.

Até bafômetro eu tive que fazer. Juro que quando o policial me pediu para assoprar o treco eu ri muito, ele tentando me acalmar disse “é de praxe moça, todo mundo que se envolve em acidente tem que fazer. Eu sei que você não está bêbada”. Obvio que eu não estava bêbada. Tinha trabalhado o dia todo e tava voltando pra casa, meu senhor.

E os curiosos? Pelamordedeus. Os carros passam devagarzinho pra ver quem é e o que é, e o povo que passa a pé na beira da estrada também dá aquela espiadela básica. Se eu não tivesse tão nervosa me sentiria a celebridade do dia, aquela que conseguiu parar a via Dutra.

A minha vontade era não precisar mais ir e vir do trabalho de carro. Foi difícil encarar a meia horinha de estrada hoje cedo, mas não tem outro jeito. Tenho que fazer amizade com o asfalto da Dutra e pedir a todos os santos que me guiem de Taubaté à São José e vice-versa.