sexta-feira, 2 de março de 2012

Carrinho de bate-bate

Quem nunca brincou nos carrinhos de bate-bate dos parques de diversões pelo Brasil? Garanto que todo mundo adorava ser motorista por um dia e bater no amigo, primo, pai que estava no outro carrinho. O legal ali era dirigir errado, fazer tudo o que não pode fazer nas estradas e ruas de verdade. Era colisão traseira, frontal, lateral, engavetamentos e tudo o que tinha direito.

Aliás esse nome “colisão traseira” eu aprendi ontem. Na minha época de parques de diversões eu só dizia “bater na bunda do carro”, “bater atrás” esse termo colisão era algo inexistente para mim. Ontem descobri que ele existe.

Sai da Revap em São José dos Campos, rumo à Taubaté pela via Dutra, como faço todos os dias de segunda à sexta. Era por volta das 16h45 eu estava deixando as dependências da refinaria depois de mais um dia de trabalho, rumo ao descanso do lar.

Me lembro de entrar na Dutra ouvindo música, pensar no que eu ia fazer quando chegar em Taubaté, tinha até decido passar por algumas academias para finalmente começar um projeto verão 2013. Foi aí que o trânsito ficou lento, eu fui diminuindo a velocidade e de repente “BUM”. Ouvi um barulho de carro sendo freado, senti um impacto na traseira e gritei.

O susto foi tão grande que eu não conseguia pensar no que fazer a seguir. Só consegui ligar – chorando – para minha mãe. Não pensei em chamar policia, resgate, nada. Saí do carro e vi um celta com a frente amassada e um ser humano com a mão na cabeça olhando pro carro. Daí pra frente não sei mais o que pensei.

Todas as vezes que falei pelo telefone com a minha mãe eu chorei. Quando o policial veio pedir meus documentos eu chorei, quando minha mãe chegou com o meu irmão pra me resgatar eu também chorei. Um coisa ficou clara: sou uma negação em situações de crise.

Mas se eu sou ruim o Ser que bateu em mim é muito pior. Pra começar o errado era ele. Foi ele que acelerou demais, não prestou atenção no trânsito e não conseguiu diminuir quando os outros carros diminuíram a velocidade e nem um “moça, você tá bem?” eu ouvi.

Ele não falou comigo em momento nenhum. E eu, assustada como tava e lerda como sou, também não falei com ele. Esperei que meu irmão chegasse para pedir os dados do seguro do fulano, que também não quis passar, disse que era pra pegarmos no boletim de ocorrência.

Até bafômetro eu tive que fazer. Juro que quando o policial me pediu para assoprar o treco eu ri muito, ele tentando me acalmar disse “é de praxe moça, todo mundo que se envolve em acidente tem que fazer. Eu sei que você não está bêbada”. Obvio que eu não estava bêbada. Tinha trabalhado o dia todo e tava voltando pra casa, meu senhor.

E os curiosos? Pelamordedeus. Os carros passam devagarzinho pra ver quem é e o que é, e o povo que passa a pé na beira da estrada também dá aquela espiadela básica. Se eu não tivesse tão nervosa me sentiria a celebridade do dia, aquela que conseguiu parar a via Dutra.

A minha vontade era não precisar mais ir e vir do trabalho de carro. Foi difícil encarar a meia horinha de estrada hoje cedo, mas não tem outro jeito. Tenho que fazer amizade com o asfalto da Dutra e pedir a todos os santos que me guiem de Taubaté à São José e vice-versa.

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