É um povo gritando aqui, outro ali. Parece que ninguém se entende e eu me sinto um peixinho fora d água. Primeiros dias de empresa nova são sempre difíceis, mas parece que os meus foram ainda mais complicados.
Passei quase três semanas sem crachá, entrando como visitante, sem acesso ao computador, trazendo o meu note de casa que não tinha acesso a rede da empresa e muito menos a internet. Não sei como foi, mas eu me virei.
Era começo de ano, tava tudo bem. Todo mundo meio que empurrando com a barriga mesmo. Aí veio e foi o carnaval. O ano efetivamente começou para nós brasileiros e eu continuo perdidinha.
Acho que não caiu a ficha que eu não sou mais estagiaria. Que as funções agora são de profissional, mesmo. Tem coisas pra decidir, aprovar e sugerir. Um caos pra essa cabecinha aqui.
Não sei bem o meu lugar ainda. Olho pra lá e pra cá e só vejo perguntas sem respostas. Eu que sou tão organizadinha to me sentindo um tanto quanto perdida nessa terra de adultos.
Pensando bem foi assim também quando eu sai de casa pra morar na capital, quando eu comecei a trabalhar na Comgás, quando eu sai do Brasil, quando eu tive que me virar nos 30 e dar uma de garçonete/bartender. Se pensar diretinho, foi sempre assim e sempre será.
Um mar de dúvidas se abre e até que você se acostume com o gelado da água vai entrando de mansinho. Primeiro os pés, depois sente aquele gelo na barriga e aí quando chega na altura do peito pronto, pode mergulhar, o pior já passou. Daqui pra frente é só saber administrar as ondinhas conforme elas surgem.